Cheguei há poucos dias do sul do nosso maravilhoso país. Depois de umas curtas e merecidas férias, estou de regresso à árdua rotina do dia-a-dia. E o que há a relatar das férias? Pouco e muito, simultaneamente. Foram umas férias comuns de praia …de nada fazer e muito contemplar. Tentei ao máximo cortar por uns dias o contacto com o mundo real. Não pensar nos problemas diários, não ouvir/ler noticias … esse tipo de coisas. Mas inevitavelmente em muitas das minhas tardes de praia dei comigo a reflectir sobre um dos assuntos mais mediáticos dos últimos tempos: o desaparecimento de Maddie. O facto de estar alojada na Praia da Luz e de me ter cruzado uma ou duas vezes com os pais dela, “obrigou-me” a não ignorar o mundo real.
E a diversidade de culturas existentes no mundo real fez-me pensar. Confesso que aquando do desaparecimento de Maddie, culpabilizei os pais pelo facto de a terem deixado sozinha com os irmãos enquanto iam jantar. ‘Que raio de pais deixam os filhos trancados no quarto para não serem importunados ao jantar?’ É o mesmo tipo de raciocino que faço quando vejo alguma notícia a abrir os noticiários televisivos portugueses acerca de um incidente/acidente ocorrido com crianças enquanto os pais foram “ali à loja por 5 minutos, comprar pão”.
Observando com mais atenção para as atitudes dos veraneantes estrangeiros percebo que, mais do que negligência, é mesmo uma questão cultural. Senão vejamos:
- Praia da Luz (13h): Estou na praia, debaixo de 30 e tal graus de temperatura e um sol fortíssimo. A esta hora quase não se vê crianças na praia, mas há excepções. Bem perto de mim está um casal de ingleses com 1 bebé, que não tem mais de 2 anos. Quero acreditar que pelo menos lhe colocaram protector solar, já que anda apenas de calções – não tem uma t-shirt, um chapéu, nada!
- Praia da Rocha (17h): Duas crianças (também estrangeiras) regressam ‘desacompanhadas’ da água. Não sou a única a quem a situação chama a atenção, pois observo que várias pessoas acompanham com o olhar estes dois miúdos (que não tem mais de 4 anos). Até que o mais velho acelera o passo deixando para trás o outro. De repente a criança mais nova está sozinha. Alguém ao meu lado teve reflexos mais rápidos do que eu e levanta-se para ir ter com a criança que entretanto tinha desatado a chorar. Andava a senhora com a criança ao colo há uns minutos, tentando acalma-la, quando aparece a mãe, com toda a tranquilidade, vinda da zona das espreguiçadeiras. Mais uma que não esteve para se incomodar em levantar o rabo para ‘vigiar’ os filhos.
Portanto, podemos falar em diferentes culturas, mas para mim negligência é negligência e por isso apetece aqui falar em cultura negligente!!!
P.S. desculpem a extensão do texto, mas estive 2 dias a escreve-lo :)
2 comentários:
Sejas bem regressada às postagens!! Já estava com saudades de te ter na Central! Quanto ao teu post, é como dizes, são culturas diferentes.
podem ser culturas diferentes...mas uma criança é sempre uma criança, independentemente da cultura...há muitos riscos no argumento do relativismo cultural. se pegarmos por aí, conseguimos justificar quase todas as atrocidades culturais praticadas sobre crianças...
diferenças, diferenças mas vamos com calma!
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