sexta-feira, 22 de junho de 2007

Linha de letras: Mia Couto

Mia Couto está em Portugal e esteve ontem à conversa com a jornalista Judite de Sousa, na RTP1. Para grande pena minha, consegui apenas apanhar o final da conversa.

Sou fã da sua escrita, da sua capacidade de inventar palavras e de nos transportar para o misticismo africano, de grande ligação à natureza como força sobrenatural.

Mia Couto nasceu em Moçambique, adoptando o nome Mia porque o seu irmão mais novo não conseguia pronunciar Emílio e também devido à sua grande paixão por gatos (desde pequeno dizia a sua família que queria ser um deles). É autor de diversas obras, da poesia aos contos, do romance às crónicas. Pessoalmente, recomendo o “O Fio das Missangas” e “O último voo do Flamingo”, deixando-vos um cheirinho deste último:

Havia um lugar onde o tempo não tinha inventado a noite. Era sempre dia. Até que, certa vez, o flamingo disse:– Hoje farei meu último voo!
As aves, desavisadas, murcharam. Tristes, contudo, não choraram. Tristeza de pássaro não inventou lágrima. Dizem: lágrima dos pássaros se guarda lá onde fica a chuva que nunca cai
.”
(Mia Couto, O último voo do flamingo)

1 comentário:

trintona disse...

Lá estamos nós em sintonia ... outra vez!!!!