Mia Couto está em Portugal e esteve ontem à conversa com a jornalista Judite de Sousa, na RTP1. Para grande pena minha, consegui apenas apanhar o final da conversa.
Sou fã da sua escrita, da sua capacidade de inventar palavras e de nos transportar para o misticismo africano, de grande ligação à natureza como força sobrenatural.
Mia Couto nasceu em Moçambique, adoptando o nome Mia porque o seu irmão mais novo não conseguia pronunciar Emílio e também devido à sua grande paixão por gatos (desde pequeno dizia a sua família que queria ser um deles). É autor de diversas obras, da poesia aos contos, do romance às crónicas. Pessoalmente, recomendo o “O Fio das Missangas” e “O último voo do Flamingo”, deixando-vos um cheirinho deste último:
“Havia um lugar onde o tempo não tinha inventado a noite. Era sempre dia. Até que, certa vez, o flamingo disse:– Hoje farei meu último voo!
As aves, desavisadas, murcharam. Tristes, contudo, não choraram. Tristeza de pássaro não inventou lágrima. Dizem: lágrima dos pássaros se guarda lá onde fica a chuva que nunca cai.”
(Mia Couto, O último voo do flamingo)
1 comentário:
Lá estamos nós em sintonia ... outra vez!!!!
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