Após o post inaugural deste blog, fui assaltada por mil ideias para a minha primeira postagem a sério. O Sr. Jacinto Leite Capelo Rego, os spams que inundam a minha caixa de correio electrónico, pessoas à minha volta que andam constantemente de complicómetro ligado…
Reflexão feita, decidi escrever uma espécie de post retroactivo e partilhar convosco uma das experiências mais divertidas e educativas desde que estou em Lisboa.
Há cerca de um ano, visitei o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa. Esta seria uma visita como a qualquer outro museu, não fosse a possibilidade de aqui podermos não apenas olhar, mas também tocar, mexer, experimentar, brincar aos cientistas. O museu inclui colecções e documentação referentes às ciências exactas (Matemática, Física, Química e Astronomia) e associa a exposição de peças históricas a diversas actividades interactivas.
Na sala principal do museu, Arquimedes, Galileu e outros cientistas encarregam-se de nos acolher, acompanhados de curtas apresentações das suas descobertas. Percebe-se logo que a história da ciência é contada, em boa parte, no género masculino. Marie Curie (cientista polaca que, em 1903, recebeu o Prémio Nobel da Física) e a sua discípula portuguesa Branca Edmée Marques também marcam presença no museu, mas noutro espaço. E, entretanto, é fácil esquecê-las porque, virando a esquina, a atenção prende-se numa bola que flutua, movida por uma espécie de secador de cabelo gigante. À volta, vários painéis com botões de diversas cores apelam ao toque como forma de experimentar determinados princípios científicos. Também há um banco rotativo onde me sentei e segurando uma espécie de roda de bicicleta em movimento, pude girar consoante a orientação que ia dando à roda.
Esta parte inicial da exposição é permanente e está dividida em 7 secções temáticas, que combinam a exposição de peças históricas com experiências divertidas. As visitas não são guiadas e, assim, cada pessoa tem a liberdade de conhecer e experimentar, ao seu ritmo, as áreas que mais lhe interessam. Assim, algumas pessoas irão descobrir que aquele aparelho parecido com um secador de cabelo é um compressor e que a bola flutua porque, nos fluidos em movimento, a pressão é tanto menor quanto maior a velocidade (quer dizer, isto foi o que eu percebi da explicação, pode não ser exactamente assim…). Outras poderão descobrir as caretas fantásticas que se podem conseguir num caleidoscópio ou ter ilusões ópticas que nos parecem absolutamente reais (pena não haver nenhuma ilusão óptica com o George Clooney!)
Após as salas de exposição interactiva, segue-se uma secção onde o visitante pode apenas contemplar os objectos expostos. Não foi menos interessante, já que conheci dois cientistas portugueses de quem nunca tinha ouvido falar: Branca Edmée Marques e Manuel Valadares, que foram docentes na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa no início do século XX. Branca Edmée Marques criou o primeiro laboratório de Radioquímica em Portugal e Manuel Valadares iniciou a investigação em Física Atómica e Nuclear.
No rés-do-chão do museu localiza-se o Laboratorio Chimico da Escola Polytechnica. Segundo os funcionários do Museu, “é um testemunho raríssimo da história da Química na passagem do século XIX para o XX. Na altura em que foi criado, foi reconhecido como um dos melhores da Europa”.
Localizado no edifício da Escola Politécnica, o Museu de Ciência oferece ainda um Observatório Astronómico, um Planetário, exposições temporárias e cursos livres. À saída, quem quiser pode deixar a sua impressão, e testemunhar, como algumas das crianças que já passaram por lá, que afinal a ciência pode ser “Bué da Fixe”, “Baril” e “Muita intressante”.
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