quinta-feira, 2 de agosto de 2007

A uma rapariga

Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por sobre lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina.

Nessa estrada de vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!

Trata por tu a mais longínqua estrela,
Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!

Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste de uma flor!...

Florbela Espanca

2 comentários:

Anónimo disse...

Isto não será um convite à eutanásia que a Florbela nos propõe?

trintinha disse...

Car@ anónim@, eu entendo como um convite a tomar as rédeas da nossa própria vida, a não deixar o nosso destino em mãos alheias! Para que quando a morte chegue, não sintamos que nos apanhou de surpresa, mas a aceitemos com a convicção de que vivemos intensamente cada dia da nossa vida! Talvez o poema fosse mais bonito sem os quatro últimos versos, mas aí não seria certamente da Florbela. Ainda assim, é um dos meus poemas favoritos!